Portal do Círio de Nazaré com as Mangueiras ao fundo! |
A seção “invaders” está sendo inaugurada pela nossa boa,
velha e deliciosa conhecida a Mangueira. Visitei a cidade de Belém do Pará no
mês de abril e pude comprovar a fama da cidade por ter, em suas ruas e
avenidas, uma enorme quantidade de mangueiras. Em algumas ruas, elas chegam a
formar um simpático “túnel” verdejante que serve de abrigo ao sol escaldante da
proximidade do equador. Os boulevards
de mangueiras fazem parte da paisagem, da identidade e da cultura da cidade,
tornando-as amadas por todos.
Até aí o relato não trás motivo algum para preocupações não
fora o alerta dos taxistas sobre o perigo do “bombardeio” de mangas e o risco
de amassamentos de capôs e tetos dos carros em dias de ventania nos meses da
frutificação.
Contudo, não é à toa que a “nossa mangueira” esteja abrindo
essa seção! Essa espécie, apesar de fazer parte da memória e até da história do
nosso país, é uma espécie exótica-invasora!
Mas, gente, a mangueira? Não é ela que está naquele famoso
mito de que “não se deve comer manga e beber leite” por que da indigestão?
Claro que sabemos que isso não é verdade, mas algumas explicações apontam para
a lenda de que os “Senhores de escravos”
teriam disseminado esse mito envenenando propositalmente algumas mangas
e oferecendo para os escravos que “roubavam
leite das tetas das vacas” ocultos pela escuridão da noite nos estábulos. Sim, as mangueiras são nativas da Índia e as
frutas eram trazidas nas dispensas das caravelas portuguesas...
E apesar de todos os seus “méritos”, a fruta, generosa e
saborosa que povoa até letras de músicas como a “manga-rosa” de Ednardo, é um
problema ambiental na Reserva Serra das Almas (CE), no Parque Nacional de
Brasília (DF), no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (MG), além de áreas de
manguezais da Paraíba e na Mata atlântica no estado do Rio de Janeiro.
As frutas são um delicioso alimento também para macacos,
morcegos, gambás, saguis e toda uma extensa lista de animais silvestres que se
banqueteiam e ajudam a disseminar a espécie para além dos muros das
residências, parques e ruas.
E qual o problema? “Soltas na natureza”, as mangueiras
passam a competir diretamente com as espécies nativas, tomando o seu lugar
graças a sua competência em produzir frutos e o vigor da germinação dos seus
“caroços” (sementes).
Em Belém existem incontáveis “pés-de-manga” e com isso a
cidade é bem arborizada e verdejante. Mas, pense em quantos abricós-de-macaco, mungubas,
cuités, açaizeiros, umbuzeiros, tiveram seus lugares ocupados e no impacto
ambiental sobre a floresta amazônica que está sendo causado?
A Linda cidade de Belém não tem culpa, e nem as mangueiras,
mas elas são uma espécie exótica invasora que precisa ser controlada e com a
proteção do Círio de Nazaré!
Abraços.
Tito Tortori
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