Porque a comida no arquipélago de São Tomé e Príncipe é igual a nossa?

            Se você fosse fazer uma viagem para o Arquipélago de São Tomé e Príncipe − um Estado-Ilha localizado no Golfo da Guiné cerca de 300 km da costa Ocidental de África − poderia ficar preocupado com o tipo de cardápio que seria oferecido durante a estadia, certo?
E foi isso que aconteceu com uma amiga minha vegetariana...
Mas,o relato a seguir aconteceu no retorno, quando tive com ela um comentário que motivou a redação dessa postagem! Afinal, porque a comida no arquipélago de São Tomé e Príncipe é igual a nossa?

            Conversando sobre a viagem, ela me mostrou belas fotos e , brincando com a minha “fama de coletor de sementes nativas", me falou...

"Quase trouxe umas sementinhas para você!" 

Respondi lembrando que as espécies de São Tomé e Príncipe não me interessavam porque meu projeto(MUDAMATA) envolvia apenas as espécies nativas.
Então, ela reticente respondeu confiante:

"Mas, lá é igual aqui...São as mesmas plantas, né?"

Argumentei dizendo que não... afinal, era um ecossistema diferente, de um continente diferente, com uma biodiversidade diferente e espécie difer... 
Fui "cortado" no meio dos meus argumentos "ecochatos"... com ela me mostrando uma foto no celular para provar que eu estava errado...rs... Ela disse:

"Olha...Você que entende de plantas não conhece essa?"


Olhei... e a foto era de um belo hibisco semelhante a essa foto. Então, expliquei essa flor, tão comum aqui, e pelo jeito em São Tomé e Príncipe, não é nativa nem daqui, nem de lá, pois é originária do Havaí. Sem estar muito convencida minha amiga me falou:

"Mas, lá tem manga, banana, jaca, amendoeira, que nem aqui!"

Ela ficou um pouco espantada quando eu disse: “É tudo nativa... mas da Índia”...e ri. 
Expliquei que essas são espécies vegetais domesticadas e que, por conta do fenômeno da Etnobotânica, foram sendo disseminadas junto com as migrações humanas pelo planeta. 
Para saber mais sobre isso leia a matéria a seguir https://arvoresdesaopaulo.wordpress.com/2011/05/15/das-20-frutas-mais-consumidas-no-brasil-somente-3-sao-nativas/ 

Sem estar muito convencida ela preparou um golpe fatal na minha “teoria”... e disse:

"AH! eu comi uma coisa em São Tomé e Príncipe que não tem aqui...
Um tipo de “batata chips” feita de uma planta chamada de Matabala!”



Respondi: “É ... esse nome eu nunca ouvi falar!”.  Minha amiga se virou para continuar mostrando as fotos para outras pessoas e levei alguns segundos para entrar na web, consultar sobre a planta e descobrir que ela, na verdade, se tratava de uma Colocasia esculenta.
Ao ouvir isso ela sentenciou com um "ar vitorioso"...

"Viu como você é teimoso? Com um nome desses, sabia que era uma comida diferente!”

A “sabor da vitória”, porém, durou pouco tempo... O suficiente para eu esclarecer que, na verdade, ela tinha comido uma "batata chip de “Inhame”...Sim, aquele que encontramos nas feiras e mercados... 
E complementei perguntando: “Nossa, você nunca tinha comido "Inhame" frito? É bom demais...”.....rs

Mas, se vc prestou a atenção viu que eu escrevi "inhame" sempre entre aspas, por que será? Vc poderá entender melhor porque o "Inhame" não é Inhame  (eita... confusão...rs) lendo a postagem no link http://edemconsumoconsciente.blogspot.com.br/2013/11/pai-eu-nao-gosto-de-inhame.html

PS: Essa postagem é preparatória para falar ainda sobre Etnobotânica, espécies vegetais domesticadas, cultivares, vulnerabilidade genética etc...

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois, muita gente faz confusão entre inhame e a matabala, são muito parecidos... mas, não é a mesma coisa. Em São Tomé encontra-se mais a matabala que o inhame.

Tito Tortori disse...

Na verdade eu já tinha pesquisado essa possibilidade, mas o nome científico do Matabala é Colocasia Esculenta que define que ela é uma variedade da espécie conhecida no mundo todo como "TARO" e que no sudeste do Brasil é chamada erroneamente de "inhame".
POde até ser uma variação, mas é da mesma espécie!
Obrigado pelo seu comentário!
Abraços.
Tito Tortori

Tito Tortori disse...


Uma das fontes que pesquisei! https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/5368/1/Ana%20Justina%20Almeida.pdf