Em visita ao simpático parque ambiental “Mangal das garças”
em Belém — visita obrigatória a bela cidade — me envolvi em uma situação ligada
a educação ambiental que quero relatar.
O parque, cabe dizer, é muito bem cuidado, oferece “gotas” de
educação ambiental na forma de funcionários, obviamente vestidos com um
uniforme verde, que orientam os visitantes no cuidado com o gramado e informam
sobre as espécies vivas em exposição como os iguanas, tartaguras-amazônicas,
irerês, asas-de-seda, guarás, colhereiros e até flamingos.
Vale comentar que eu, como biólogo da região sudeste,
conheço poucas espécies nativas da Amazônia, salvo aquelas usadas a arborização
de rua no Rio de Janeiro como o Abricó de macaco(Couroupita guianensis) e a Munguba(Paquira aquática).
Passeando lá, com
minha mulher e minha filh,a me deparei com uma árvore engraçada (no mínimo interessante)
desconhecida para mim. Chamei um dos diversos guias locais e perguntei sobre a
curiosa árvore de pequeno porte da qual, apesar de não chegar a minha altura,
pendiam frutos globosos semelhantes ao “coco”. Perguntei ao rapaz sobre o nome do arbusto:- Companheiro, como é o nome dessa árvore aqui?
- “...Que não é coco eu já sei!”
- “É biricó-di-macaco, moço!.
- “Rapaz, se quer dizer que é abricó de macaco, é?
- “ É sim, senhor!”
- “Olhe... Abricó de macaco, não é não... por que essa, eu conheço, e é bem alta e diferente?
- “Então, moço, o “abricó-de- macaco, é aquela árvore lá mais longe(apontando para o estacionamento)...Essa aqui é biricó-di-macaco!”
Dia seguinte, visita para conhecer a simpática orla da “vila
de Icoaraci com direito a compra de artesanato Majoara. Entre uma cerâmica e
outra me deparo com a mesma árvore perto de uma barraca que vendia tacacá e
outros petiscos. Comprando uma água para aplacar o calor Paraense arrisquei
novamente perguntando ao comerciante, descendente de alguma etnia indígena,
sobre a árvore já informando que no Rio de Janeiro não tinha dela e deu-se o seguinte diálogo:
- “Moço, você sabe que árvore é essa?
- “Olhe, aqui nós chamamos de cuieira, cabaceira, cuité...Dessa que usa para servir o Tacacá...
- “Bem que eu sabia que não era “biricó-di-macaco!
Falei,
imitando o sotaque do funcionário do Mangal das garças...para minha mulher. O vendedor, estranhando o meu comentário, disse com um sorriso no
olhar já me corrigindo:
- Você quer dizer “abricó-di-macaco”? Não é uma árvore bem diferente...vcs não conhecem lá no Rio de janeiro não?
Moral ambiental da história: Na medida em que a população
foi deixando as áreas rurais e migrando para as regiões urbanas, o conhecimento
sobre as espécies vegetais, seus nomes, sua função, histórias, lendas etc foi decaindo da memória afetiva...E aí, no lugar, fica um empobrecido senso comum.
Abraços.
Tito Tortori
Abraços.
Tito Tortori
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