Muitos e muitos anos atrás, muito antes do tempo
existir, Nhanderuvuçú - o Deus supremo - estava
entediado, pois tinha todo o Universo e nada para fazer. Então, ele resolveu
destruiu o universo e fazer uma reforma total, parte hidráulica, elétrica, tudo
novo... E começou gerando uma alma positiva e uma alma negativa. Ao
juntá-las Nhanderuvuçú deu origem a matéria. E foi com ela, e muita
energia para trabalhar, que ele criou lagoas, rios, florestas e tudo mais.
Num lugar bacana na América do Sul, o "todo poderoso da
cocada-preta", criou um spa de
luxo misto de resort caribenho com Club Mediterranee. Porém, como nada é
perfeito, uma dessas lagoas passou a ser habitada por Yara, uma criatura
mitológica, quimérica, misto de linda mulher com um Yacaré. O Yacaré,
iakaré ou jacaré, como chamamos, significa em tupi-guarani "aquele
que olha para os lados". Bom, ele nunca olhava para frente por que
tinha a boca cheia de dentes para lhe proteger e jamais olha para trás porque
sua cauda musculosa rebatia qualquer perigo iminente. Então, o jacaré só
preocupava seus flancos, uma combinação de Waterloo com calcanhar de Aquiles.
Não que existissem inimigos, mas o yacaré sempre foi um bicho muito sórdido,
ardiloso e pouco confiável.
Um dia Nhanderuvuçú resolveu pedir a Yara que tomasse conta de uma
árvore muito importante, de tronco lisinho, que soltava muitas sementes que repovoavam
as matas. Isso por que havia ordenado ao seu mensageiro Tupã – aquele que
domina os raios e trovões – que derrubasse árvores mortas para renovar a vida
nas matas - uma espécie
de reciclagem divina. Mas, alertou Yara dizendo: “Você sabe que Tupã não está
enxergando bem e a pontaria já não é essas coisas e eu não quero que essa
árvore seja sacrificada!”. Yara respondeu “prontamente”, “claro”, “sem
problemas”, como todos dizem quando dão pouco interesse àquilo que foi pedido.
Yara estava de olho em um jovem indígena, de nome Itapiru, que parecia
apetitoso, gastronomicamente falando. E usou todos os seus encantos para enfeitiçar
o jovem indígena vir se banhar com ela, o que não foi muito difícil. Mal Yara
tinha se transformado em um yacaré e estava levando Itapiru para o fundo do
lago, quando Tupã começou a roncar seus raios. Tupã para compensar a vista
cansada, tinha a estratégias de disparar o dobro, o triplo de raios para
cumprir a missão dada por Nhanderuvuçú. Serviço de Tupã terminado, Nhanderuvuçú
foi ver a sua árvore preferida e encontrou-a morta e escurecida pelos raios. Ao
procurar Yara encontrou-a na forma do yacaré saboreando o pobre Itapiru. Como castigo,
o Deus supremo matou a Yara e usou a pele-casca do yacaré para cobrir o tronco
e trazer a pobre árvore de volta à vida.
A partir daquele dia, essa árvore passou a ser chamada de pau-yacaré
ou pau-jacaré, como conhecemos e todo mundo pode finalmente passar a tomar
banho nas lagoas sem tanta preocupação com a Yara.
Moral
da história!
I:
Quem não tem lenda caça com lenda inventada!
II:
Em rio que tem Yara, jacaré nada sem casca!
III:
Cuidado com o que você quer comer para não ser devorado antes;
IV:
Manda quem pode, obedece quem é obediente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário