Mas, a vida é uma "caixinha de surpresas" e em uma dessas esquinas eu virei e me deparei com ess e desafio.
Foi então que uma realidade se descortinou diante dos meus olhos...
Descobri depois de algum tempo, que um número considerável das espécies que eu conhecia e que eram adotadas na arborização de rua da cidade do Rio de Janeiro não eram nativas da Mata Atlântica. Nem digo em termos quantitativos, mas certamente no sentido qualitativo.
A causa desse fenômeno? Vejamos...
Mestre Valentim quando idealizou o primeiro Jardim do Passeio Público, feito para aterrar a Lagoa do Boqueirão da Ajuda, ainda no final do século XVIII, plantou, de forma simétrica e formal, muitas árvores e palmeiras se valendo da maioria de espécies exóticas, principalmente frutíferas, como mangueiras, jaqueiras, fruta-pão, jambo-rosa , tamarindeiro, pinheiros (Pinus sp), dentre outras...
Em meados do século XIX, Auguste Glaziou, o paisagista do Imperador apesar de ter pesquisado e coletado muitas espécies nativas, adotou o princípio europeu de arborização plantando também casuarinas, eucaliptos, grevíleas, flamboyants, figueira-religiosa, estercúlias, ginko biloba, cerejeiras japonesas, papiros egípcios, magnólias, bambus indianos, plátanos canadenses e cedros do Líbano. Devemos a ele a reforma do jardim do Largo do Machado e a introdução de algumas espécies nativas como os Oitis da Mata Atlântica e as Sapucaias (Amazônicas).
No início do século XX, o número de árvores na arborização de rua aumentou muito com o plantio de mais de 22.000 árvores principalmente nos bairros de São Cristovão, Tijuca, Vila Isabel, Centro, Gloria, Catete, Flamengo, Laranjeiras e Botafogo. e novamente as espécies envolvidas eram a amendoeira, casuarina, figueiras, alfeneiro, grevílea, tamarindo, mangueiras, mas algumas nativas foram plantadas como oiti, saboneteira, munguba, sapoti, pau-ferro e carrapeteira.
A análise do documento "Plano Diretor de Arborização Urbana da Cidade do Rio de Janeiro" mostra que a maior parte das árvores identificadas em 2009 nas ruas da Cidade do Rio de Janeiro são exóticas.
Dito isso basta navegar pelo mapa que eu criei com a distribuição geográfica das espécies mais comuns encontradas na cidade do Rio de Janeiro. O mapa não foi ainda totalmente atualizado pelos dados do documento citado anteriormente, mas já nos dá uma boa dimensão de onde vieram as "nossas árvores".

É preciso inicialmente tomar consciência desse fato para depois chegar a uma nova pergunta:
Por que não podemos ter mais árvores nativas em nossas ruas?
Pare, pense e tente responder...
Abraços.
Tito Tortori
2 comentários:
Uma das principais razões das prefeituras plantarem espécies exóticas é pela facilidade de corta-las, quando se executa um alargamento de rua ou algo semelhante.
Muitas das exóticas utilizadas, também são árvores que fizeram e fazem sucesso em muitas regiões do mundo, tanto pela beleza da árvore, folhas e flores ou pelo rápido crescimento e rusticidade ( Ficus, espatódea, etc ).
Aos poucos, espécies nativas começam a ocupar espaços públicos, especialmente com o advento da internet, que ajuda em muito a divulgação.
Porém o principal fator ainda é pela possibilidade de corte.
A poucos anos, na duplicação das marginais em São Paulo, foi autorizado o corte de figueiras ( ficus elastica ) centenárias, para mim um crime, pois eram árvores belíssimas e estavam cumprindo seu papel ambiental. Porém mesmo sendo plantas enormes, parte da população até aprovou o corte, se fossem nativas, não teriam sido cortadas de forma alguma.
Que interessante! As árvores trazem uma beleza insubstituível para a cidade! E elas também amenizam o calor das áreas urbanas.
Lembro quando era criança de uma tarefa na escola e a pergunta era o que eu mais gostava na rua onde morava e a minha resposta foi que a minha rua era bem arborizada! =)
Essa não é a rua onde eu morava, mas essa notícia me deixou feliz: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/rearborizacao-da-estrada-dos-tres-rios-inaugurada-1-17705557
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